Me lembro de quando era pequenininha, eu te via todo dia a caminho da escola, me cumprimentava com um sorriso lindo no rosto e seguia seu caminho. Muito nova, não entendia esse sentimento, mais hoje vejo o quanto eu queria que estudássemos na mesma escola.
Nossa mães, sempre juntas, não faziam noção do nosso futuro e muito menos nós sabíamos o que aconteceria dali a uns anos.
Você era meu melhor amigo e eu me divertia com suas brincadeiras de menino. Nunca me deixou sozinha e eu me apaixonei por você.
Sufoquei esse sentimento por um bom tempo, negando-o até o fim. Me perguntava todo dia o que eu estava fazendo, se tinha certeza daquilo. Todos os sintomas confirmavam minha suspeita, borboletas no estomago, cabeça no mundo da lua, mãos suando quando estava ao seu lado, andava suspirando por todos os cantos. Todo o clichê romântico que tanto falávamos em nossas conversas.
Eu tinha medo. Sim, eu tinha medo da sua reação e isso me calou, me calou até aquele dia na sua casa em que assistíamos à meu filme preferido e você começou a fazer cócegas em mim até cairmos no chão, seu rosto tão perto do meu, eu sentia sua respiração tão próxima da minha e a cena se congelou ali.
Você olhava nos meus olhos com certa intensidade, parecia procurar algo, algum sinal, uma permissão, eu apenas sustentava o olhar. Sentia meus olhos úmidos, trazendo todo aquele sentimento a tona, os fechei e senti uma lagrima teimosa escorregar por meu rosto e de repente sua boca estava na minha, meu coração gelou e meu mundo parou ali, naquele momento. Nosso primeiro momento.
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